A equipe do LEC não atua apenas no Paraná, mas integra conhecimento “de e para” outros mares no Brasil e no mundo, assim como colabora com estudos nos Estados Unidos, no Uruguai, na Argentina, na Austrália e mesmo com trabalhos de escopo internacional.
Ao longo destes anos, as ações dos projetos contribuíram efetivamente para a elaboração de políticas públicas de proteção à fauna no estado do Paraná, como a criação do PRAE- Protocolo de Atendimento a Encalhes de Animais Marinhos no Litoral do Paraná (formalizado com a Resolução Conjunta Nº008/2018) , ou mesmo colaborando com as listas de espécies ameaçadas e planos de ação para a conservação dos animais marinhos do estado do PR (SEMA/IAP 2009/2010). Ainda, em escala nacional, o laboratório participa desde a origem da Rede de encalhes e informações mamíferos aquáticos no sul do Brasil (REMASUL) e da Rede brasileira de encalhes e informações mamíferos aquáticos (REMAB), ambas coordenadas pelo Centro de Mamíferos Aquáticos/ICMBIO/MMA, participou da redação e atua como membro do grupo de acompanhamento dos Planos Nacionais de conservação de mamíferos marinhos e tartarugas marinhas (ICMBIO/MMA), faz parte da Rede ASO-Tartarugas marinhas, a qual reúne grupos e pesquisadores do Brasil, Uruguai e Argentina, esta atuando na formação da Rede Nacional de pesquisa e conservação de tartarugas marinhas, junto ao Centro Tamar/ICMBIO. Em escopo internacional a equipe do laboratório integra as sociedades internacionais de pesquisa com tartarugas marinhas e mamíferos marinhos, assim como de conservação marinha, além de ser a coordenadora Camila parte da delegação cientifica brasileira junto ao Comitê científico da Comissão Internacional Baleeira (CIB). Junto à CIB, Camila vem coordenado o grupo de avaliação do status de conservação de uma espécie de golfinho que ocorre ao longo de toda a América do Sul e Central, além de contribuir com o grupo de discussão sobre a conservação de outras espécies e mesmo integradas a estratégias globais de redução de capturas acidentais de espécies marinhas, para a qual foi parte de grupo de trabalho coordenado pela FAO/ONU.
Além destas atividades, importante destacar que atualmente Camila é a coordenadora de táxon (mamíferos marinhos) junto ao ICMBIO/MMA para avaliação da lista de espécies ameaçadas nacional, atua como parte da Rede Painel Mar e do projeto de escopo Nacional Horizonte Oceânico Brasileiro, onde compõe o grupo de avaliação de estressores ecossistêmicos.
Recentemente, Camila idealizou junto a UFPR a Coalizão UFPR pela Década do Oceano, iniciativa que tem por objetivo concatenar e organizar a ações da UFPR em prol dos objetivos da década da Ciência Oceânica proposta em 2017 pela ONU e nacionalmente capitaneada pelo MCTI. Esta iniciativa também esta alinhada ao fortalecimento dos objetivos da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável (ODS). Nesta sinergia entre ciência e tomadores de decisão para fortalecer caminhos que contemplem justiça socioambiental, processos participativos, qualidade ambiental, saúde única e bem estar coletivo, a equipe do LEC sempre esteve atuante junto aos movimentos sociais e ambientalistas, assim como com as estruturas de governança do Estado do Paraná, servindo de informações e conhecimento técnico à sociedade, ao Ministério Público e à todos os órgãos de gestão municipais e estaduais que demandaram de colaboração.
Nosso compromisso é desenvolver ciência de qualidade para suporte às decisões inclusivas e que garantam qualidade e saúde a esta e as futuras gerações, conforme consta na constituição federal artigo 225. Desta forma temos trabalhado no resgate de fauna, atendimento de animais marinhos encalhados, avaliado a saúde de animais no ambiente natural, debilitados ou encontrados mortos no estado, avaliamos e identificamos fontes de impactos e ameaças à saúde da fauna e mesmo a das comunidades litorâneas, batalhamos por recurso e estrutura física para a conservação da fauna marinha do estado, colaboramos com conhecimento e dados para monitoramentos ambientais e orientações à processos de licenciamento ambiental, capacitamos servidores municipais, estaduais e mesmo militares para atendimento à fauna, formamos recursos humanos especializados na conservação e planejamento ambiental, colaboramos na identificação e elaboração de ferramentas mais eficazes e inclusivas de gestão de recursos naturais, comunicamos a ciência que fazemos, ouvimos e damos vozes a sociedade quanto as suas demandas e desafios para manutenção de qualidade e sustentabilidade dos ambientes costeiros e marinhos. Enxergamos este conjunto como a nossa missão como parte de uma universidade pública, mas também como cidadãos que compartilham este planeta com muitas vidas.
Tudo pode até parecer bonito e estimulante, principalmente quando celebramos momentos de realização de nossa missão, por exemplo, a soltura de animais que pudemos reabilitar, o nascimento de um filhote de golfinho da população da baía de Paranaguá, quando acompanhamos uma tartaruga marinha rastreada por satélite, ou mesmo ao detectar tubarões-martelo e arraias mantas nadando na nossa zona costeira durante um voo do drone; no entanto as batalhas são diárias, seja para combater grupos que tentam impedir o desenvolvimento da ciência e universidades públicas, grupos que descreditam à ciência como fonte de informação e orientação para a melhor tomada de decisão, pessoas com interesses escusos que se organizam para envenenar a sociedade contra a demanda por uma relação mais equilibrada com o meio ambiente. Ainda lutamos por financiamentos, por voz e muitas vezes por vidas... os dias não são simples e sabemos que ainda virão duras batalhas, mas como diria um velho amigo de cafés em Porto Alegre “Se as coisas são inatingíveis... Ora! Não há motivos para não querê-las. Que triste os caminhos, se não fora A mágica presença das estrelas”, Mario Quintana
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